O G1 teve acesso a imagens da TV Alerj que mostram os discursos dos deputados estaduais Domingos Brazão (PMDB) e Cidinha Campos (PDT) na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro, nesta terça-feira (3), logo após uma discussão exaltada em uma outra sala momentos antes. No vídeo, a parlamentar chega a dizer que Brazão merece um “soco na cara”.
A declaração foi feita após um primeiro bate-boca entre os dois deputados em uma reunião interna para discutir o Código de Ética da Alerj. Brazão teria chamado Cidinha de “p***, vagabunda e ordinária”. O caso foi parar na Delegacia de Atendimento à Mulher (Deam), onde foi registrado como ameaça e injúria. Ambos os deputados entraram com representação – um contra o outro – por quebra de decoro parlamentar. A corregedoria da Alerj vai julgar o episódio.
“Hoje, nesta casa, eu fui humilhada na presença de todos os deputados. Me senti não só humilhada. Me senti envergonhada por não ter nenhum homem nesta casa que tivesse dado a resposta que ele merecia. Ele merecia um soco na cara“, disse Cidinha no discurso.
O presidente da Alerj, Paulo Melo passou a palavra ao deputado Domingos Brazão, que disse querer repugnar o discurso “da nobre deputada Cidinha Campos”. A parlamentar o interpela e grita no microfone. “Não me chame de nobre se o senhor me chamou de p***”, disse ela.
Brazão também aparece se desculpando por “qualquer excesso” na discussão, em seu discurso no plenário. “No que se refere à ofensa pessoal, se fiz alguma ofensa pessoal à deputada Cidinha Campos, é claro que não concordo. Não é do meu feitio “, disse o deputado.
Em conversa por telefone com o G1, Domingos Brazão disse que a primeira discussão começou porque Cidinha o teria chamado de "assassino" e que teria retrucado a ameaçando de morte. "Não me orgulho do que eu fiz, isso me entristece (os xingamentos). Mas ela xingou a mim como xinga outros deputados e eu não levo desaforo para casa. Ela provoca as pessoas. Mas caí nessa armadilha dela. Ela tem valores discutíveis, eu não. Tenho que respeitar os que me elegeram", disse Brazão.
Primeira discussão
Segundo Cidinha Campos, durante uma reunião de lideranças dos partidos, ela sugeriu uma alteração no Código de Ética da Alerj para que deputados não pudessem votar em casos de crimes respondidos por eles próprios. Cidinha Campos também sugeriu que os parlamentares que tivessem cometido crimes não julgassem questões de quebra de decoro.
Cidinha disse ao G1 que apontou outra emenda no Código de Ética na qual deputados que tivessem algum processo por enriquecimento ilícito também não pudessem julgar questões relativas à quebra de decoro.
A deputada contou que durante a discussão sobre a emenda, ela sugeriu que os processos por enriquecimento ilícito fossem levados em conta por toda a carreira política dos parlamentares. “Eu disse que havia ali deputados que haviam roubado tanto que neste mandato atual não precisariam mais. E o deputado Brazão surtou e me chamou de puta, vagabunda e ordinária, e ainda me disse que eu nunca fui mulher de um marido só. Foi um negócio tão surrealista que não dá para acreditar”, contou a deputada ao G1.
Fonte: http://g1.globo.com/rio-de-janeiro/noticia/2014/06/video-mostra-discussao-na-alerj-entre-deputados-cidinha-e-brazao.html