A Venezuela viveu na segunda-feira (5) um novo dia de protestos, com incidentes violentos e pelo menos dois veículos queimados: um na capital, Caracas, e outro na cidade de San Cristóbal, no oeste do país. Além disso, foi registrado um incêndio na Universidad Fermín Toro, em Barquisimeto, na região noroeste.
"Neste momento, estão ateando fogo a um veículo de transporte da GNB [Guarda Nacional Bolivariana, a polícia militar da Venezuela] na Avenida Francisco de Miranda, assim como a veículos na Universidad Fermín Toro", informou o chefe do Comando Estratégico Operacional das Forças Armadas, o general Vladimir Padrino, pelo Twitter.
O prefeito Ramón Muchacho, do município de Chacao [Região Metropolitana de Caracas], onde um veículo da GNB foi incendiado, afirmou na rede social que um "grupo de mascarados" foi responsável pelo incidente.
Na manhã de segunda-feira, o ministro do Petróleo e Mineração da Venezuela e presidente da estatal petrolífera PDVSA, Rafael Ramírez, denunciou que um caminhão de fornecimento de gás foi incendiado na cidade de San Cristóbal.
"Os grupos terroristas acabam de queimar um caminhão de distribuição de gás em San Cristóbal. Nós seguiremos trabalhando. Venceremos!", escreveu o ministro no Twitter.
A Venezuela vive uma onda de protestos contra as políticas do governo desde o dia 12 de fevereiro. As manifestações no país têm sido lideradas pela oposição e por estudantes, e em algumas ocasiões terminaram em incidentes violentos que já deixaram 41 mortos e mais de 700 feridos.
Direitos humanos
A organização Human Rights Watch (HRW) denunciou violações dos direitos humanos contra manifestantes opositores na Venezuela - incluindo a tortura -, com o objetivo de punir a dissidência política, segundo um relatório divulgado nesta segunda-feira sobre os protestos, que deixaram 41 mortos.
A HRW encontrou "evidências convincentes de graves violações de direitos humanos cometidas por membros das forças de segurança" e funcionários judiciais na Venezuela, em 45 casos que envolvem mais de 150 vítimas, afirma o relatório publicado em Washington.
Os integrantes das forças de segurança também permitiram que grupos armados partidários do governo atacassem civis que não estavam armados, e em alguns casos colaboraram abertamente com eles, segundo o documento de uma centena de páginas intitulado "Castigados por protestar".
Os casos incluem violações do direito à vida, agressões físicas, detenções arbitrárias e descumprimento do devido processo, assim como torturas e tratamentos cruéis contra opositores que saíram às ruas desde fevereiro para protestar contra o governo do presidente Nicolás Maduro.