O mundo da motocicleta foi surpreendido com o anúncio, no mês passado, da primeira Harley-Davidson elétrica, chamada ainda pelo cauteloso nome de projeto LiveWire pela fabricante norte-americana. Uma nova moto elétrica, por si, não causa espanto, já que o segmento automotivo – carros e motos – já deu passos nesta direção. Mas, até então, nenhuma das principais fabricantes havia investido em uma motocicleta de verdade, com esse tipo de motor.
Mesmo nos Estados Unidos, onde as "motinhos" elétricas possuem representantes mais difundidos, como as pequenas marcas Brammo e Zero, o surgimento de uma Harley-Davison elétrica era inesperado. Completando 111 anos de história em 2014, a empresa é conhecida por basear sua linha em modelos clássicos e “beberrões” de gasolina, sem esbanjar tecnologia.
Entre as grandes marcas, apenas a BMW possui um modelo elétrico à venda: trata-se de um scooter, o C Evolution, com o objetivo de ser um meio de transporte prático para deslocamentos urbanos, e não uma moto, como no caso da H-D. Comercializado na Europa por 15 mil euros (o equivalente a R$ 45 mil), ele não é oferecido no Brasil.
A Yamaha chegou a anunciar, no ano passado, que lançaria duas elétricas em 2016, mas depois refugou e disse apenas que os modelos serão lançados em um futuro próximo. Na Europa, a austríaca KTM já mostrou um scooter movido à eletricidade, prometido para 2015, enquanto a Honda apostou em uma esportiva. Mas todos são ainda esboços, protótipos, nada palpável como a moto da H-D, que rodou pelas ruas de Manhattan.
Apesar de a Harley-Davidson não revelar oficialmente seus planos sobre a produção da moto, o modelo que o G1 experimentou, em Nova York, durante sua apresentação mundial, mostrou que está em fase muita avançada de desenvolvimento e, inclusive, homologado para rodar nas ruas.
Inicialmente, 33 unidades da moto farão um tour por Estados Unidos, Canadá e Europa, se submetendo a testes e opiniões dos clientes.
Controle de tração e suspensões eletrônicas são adventos que passam longe do repertório da H-D. Desde a crise de 2009, que culminou no fechamento da Buell, marca que fazia parte do grupo, a Harley começou a focar no aprimoramento da atual linha – no projeto Rushmore, por exemplo – e no desenvolvimento de novos produtos, como as surpreendentes Street 500 e 750, com parte da produção na Índia, e agora o projeto LiveWire.
Questionado sobre o porquê de a empresa ser a primeira grande fabricante de motos a dar um passo nesta direção, o presidente da Harley-Davidson Motor Company, Matt Levatich, respondeu um sonoro “Por que não?”.
Menos abstrato, Mark-Hans Richer, vice-presidente sênior e diretor de marketing da H-D, esclareceu o objetivo: “Queremos mostrar que somos capazes de produzir modelos com alta tecnologia”.
“Não há motivos para tanta surpresa”, acrescentou. Após rodar com a H-D elétrica em Manhattan, a conclusão foi de que existem sim, muitos motivos.
Fonte: G1.com