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Moby diz ter preguiça de turnês e ser contra figuras públicas perfeitas
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Em seu perfil no Twitter, Moby se descreve como "alienígena careca". Talvez porque a segunda característica seja mesmo tão evidente, ele tem se concentrado no primeiro adjetivo – ou em desmenti-lo. Aos 48 anos, o músico americano está disposto a exaltar seu "lado humano" (o termo é dele). Na prática, essa humanidade toda significa assumir o alcoolismo: sóbrio há cinco anos, ele não evita do assunto. Ao contrário, gosta do tema, diz que acha "interessante". "Não entendo quando uma figura pública se recusa a falar sobre certos aspectos de sua humanidade e tenta se esconder", resume ao G1 por telefone, de sua casa em Los Angeles. Foi ali perto que gravou seu trabalho mais recente, o DVD “Almost home". Assumidamente preguiçoso (de novo, o diagnóstico é dele), destaca que dava para ir a pé às apresentações.

Eu amo o Brasil, já estive no Brasil muitas vezes, e quero voltar em breve. Só que não vai acontecer até o próximo ano. Quem sabe...  Também amo os festivais brasileiros.
Se receber
uma proposta interessante, estou disposto."
Moby,
músico e DJ

Richard Melville tem nome artístico que seria uma homenagem a "Moby Dick", livro de Herman Melville, possivelmente seu antepassado. Faz música alternativa, mas já teve momentos de popularidade. Desde 1991, lançou 11 discos. O mais conhecido, "Play" (1999), vendeu 12 milhões de cópias. O último, "Innocents' (2013), teve a música "The perfect circle" na trilha da novela "Amor à vida". Era tema do casal Linda (autista vivida por Bruna Linzmeyer) e Rafael (Rainer Cadete). Na conversa, Moby se lembrou de um encontro alcoolizado com Caetano Veloso ("lenda vida") e falou sobre o arrependimento de não ter se casado e tido filhos. Na falta de companhias domésticas humanas, tem dois cachorros. Um deles se chama Oscar, tributo a Oscar Niemeyer.

G1 – Você tem falado muito sobre seus problemas com o álcool e o fato de estar sóbrio hoje em dia. Quando decidiu se abrir desse jeito?
Moby – Ah, eu parei de beber faz uns cinco anos. Acho que resolvi falar abertamente sobre isso porque não sinto nenhuma vergonha. Não sei, apenas parece que é uma coisa interessante sobre a qual se falar. Minha pergunta seria: por que não ser franco sobre isso?

G1 – E por que ser franco, então?
Moby –
 Conforme fui envelhecendo, fiquei realmente interessado no modo como todas as pessoas fingem que não são inteiramente humanas. O que quero dizer é: aquilo que nos torna humanos é o fato todos termos uma dimensão física. Todos nós envelhecemos, todos vamos ao banheiro, todos eventualmente morremos, todos ficamos doentes – e temos de lidar com essas coisas. Sinto que uma das melhores coisas de sermos humanos é a solidariedade que deveria surgir ao compartilharmos essa nossa humanidade. Por isso não entendo quando uma figura pública se recusa a falar sobre certos aspectos de sua humanidade e tenta se esconder. Somos apenas humanos. Isso faz algum sentido?

G1 – Sim.
Moby –
 Talvez minha opinião seja esta: se for honesto sobre quem eu sou – sobre o fato de ser um alcoólatra que está sóbrio hoje em dia –, sei lá, talvez eu possa ajudar alguém, de algum modo. Apenas não gosto da ideia de tentar me mostrar como uma figura pública perfeita e que, na verdade, nem é humana... É estranho como todas as figuras públicas sempre parecem meio desonestas. Todas querem parecer mais jovens e atraentes do que realmente são. E eu acho que há muitos benefícios em ser honesto. E é mais fácil (risos). Se você está sempre tentando ser legal, se vender como alguém que você não é, isso dá muito trabalho. Então, talvez eu esteja sendo honesto só porque sou preguiçoso.

Se for honesto sobre quem eu sou – sobre o fato de ser um alcoólatra que está sóbrio hoje em dia –, sei lá, talvez eu possa ajudar alguém, de algum modo."
Moby, músico e DJ

G1 – Então foi por isso que você fez apenas três shows para gravar 'Almost home – Live at the Fonda'?
Moby –
 Principalmente, porque eu não gosto, mesmo, de fazer turnês.

G1 – Desde quando?
Moby –
 Acho que começou há cerca de cinco ou seis anos. Provavelmente, porque vinha fazendo muito isso. Comecei a sair em turnê em 1991. O que eu amava era estar no palco, isso era incrível. Não quero reclamar, mas não gosto de ficar longe de casa, dos amigos, da minha família, dos meus cachorros. E realmente não gosto de viver em aeroportos e hotéis. Decidi que, em vez de fazer uma turnê com poucas semanas de duração, por que não fazer uma turnê de apenas três dias? Sinto que, no negócio da música de hoje dia, muita gente se mantém em turnê porque é o único jeito de fazer dinheiro.

G1 – Outro assunto sobre o qual você falado e escrito bastante é sua mudança de Nova York para Los Angeles.
Moby –
 Mudei para Los Angeles cerca de três anos atrás. Nasci e fui criado em Nova York. Decidi que era hora de mudar e também decidi que queria viver num lugar que não fosse frio no inverno. E também meio que decidi que, se David Lynch escolheu morar em Los Angeles, é porque Los Angeles é um lugar realmente ótimo.

G1 – Você já disse ter trocado de cidade porque 'criatividade requer liberdade para errar' e que essa liberdade faz parte da essência de Los Angeles.
Moby –
 Quando me mudei para cá, percebi que há muito mais gente em Los Angeles – músicos, escritores, artistas, diretores – que estava batalhando e falhando, mesmo as pessoas que fazem sucesso. O lado ruim disso é que às vezes se cria algum desespero. Mas o lado bom é que, muitas vezes, as pessoas aqui realmente tentam fazer algo. Criativamente, acho isso inspirador. Acho interessante como pessoas criativas se permitem e se dão a liberdade de cometer erros, tentar coisas diferentes.

Acho que meu maior erro foi nunca ter me casado e nunca ter tido filhos. Porque tenho 48 anos de idade e olho para os meus amigos que têm filhos... Para ser sincero, tenho um pouco de inveja, sabe?"
Moby, músico e DJ

G1 – Qual maior erro que já cometeu?
Moby –
 Acho que meu maior erro foi nunca ter me casado e nunca ter tido filhos. Porque tenho 48 anos e olho para os meus amigos que têm filhos... Para ser sincero, tenho um pouco de inveja, sabe? Tenho meus cachorros, mas uma parte de mim realmente gostaria de ter filhos.

G1 – Num artigo que escreveu para o jornal 'The Guardian', sobre seus 'valores familiares', você não parece ter problemas com essa 'solidão'. 
Moby –
 Realmente gosto da minha vida. Tenho amigos que realmente amo, família... Mas também vivo sozinho e trabalho sozinho. Para o meu tipo de trabalho, acho que é importante passar bastante tempo comigo mesmo. Acho que algumas pessoas são muito boas trabalhando em grupo. Mas, para mim, tenho de passar a maior parte do tempo sozinho. Não sei se faz sentido, mas há um conforto nisso.  

G1 – Já que você anda com preguiça de turnês, se alguém convidasse para vir ao Brasil, você responderia como o Bartleby, personagem do Herman Melville: 'Acho melhor não'?
Moby –
 (Risos) Eu amo o Brasil, já estive no Brasil muitas vezes, e realmente quero voltar em breve. Só que não vai acontecer até o próximo ano. Mas quem sabe... Quer dizer, também amo os festivais brasileiros. Se eu receber uma proposta interessante, estou disposto.
 

Era uma festa louca, todo mundo bêbado e, de repente, Caetano Veloso apareceu. Todos os brasileiros reagiram como Deus estivesse chegando. Fiquei meio envergonhado, porque estava muito bêbado."
Moby,
músico e DJ

G1 – Tem vontade de trabalhar com algum músico brasileiro?
Moby –
 Vários. A primeira pessoa que me vêm à cabeça é Caetano Veloso. Tive uma experiência muito interessante com ele, cerca de oito ou nove anos atrás. Eu estava em Belo Horizonte, numa festa pós-show no meu quarto do hotel. Naquela época eu ainda estava bebendo – como disse, parei faz apenas cinco anos. Era uma festa louca, todo mundo bêbado e, de repente, Caetano Veloso apareceu. Foi tão interessante, porque todos os brasileiros reagiram como se Deus estivesse chegando. Fiquei meio envergonhado, porque estava muito bêbado.

G1 – Conversou com ele, ou pelo menos tentou?
Moby –
 Sim, conversamos por bastante tempo. Eu não queria fazer papel de bobo diante daquela lenda viva, sabe?

G1 – E como foi a primeira vez em que esteve no Brasil?
Moby –
 A primeira vez em que fui ao Brasil, tinha um DJ chamado Carlos Slinger. Junto com a irmã, ele organizou uma turnê de rave. Acho que foi em 1993 ou 1994. Fomos para Curitiba, Porto Alegre e, acho, São Paulo. Uma das minhas primeiras lembranças foi de estar num aeroporto no Rio e comprar o relógio mais legal que já vi – mas perdi. Era um que tinha um “mapa” do sistema solar, e você podia apertar botões diferentes para ver a movimentação dos planetas e se, por exemplo, um cometa estava vindo. Estranhamente essa é a minha maior lembrança. E era, literalmente, meu objeto favorito. 

G1 – Quais as diferenças entre o Moby daquela época e o Moby de hoje em dia?
Moby –
 A diferença é que naquela época eu tinha cabelo. E eu era muito, muito ingênuo, porque não esperava ter uma carreira como músico, atrair o público aos shows, lançar discos... Então, em 1992, 1993 eu tinha uma inocência. Por outro lado, acho que [pensa durante alguns segundos]... Se nós estivéssemos fazendo esta entrevista seis ou sete anos atrás, a grande diferença seria eu ficava bêbedo sete vezes por semana. E, no começo dos anos 1990, eu estava sóbrio e era meio chato. Assim como sou agora.


 

 

 

 

 


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