RIO — Uma prova do poder que Antônio Francisco Bonfim Lopes, o Nem, ainda exerce na Rocinha, mesmo preso no presídio federal de Campo Grande, foi obtida por agentes da PF do Rio. O bandido mandou, por intermédio da mulher, Danúbia de Souza Rangel, expulsar da favela e destituir do comando da venda de drogas o seu braço direito, Rogério Avelino da Silva, o Rogério 157. Desde a prisão de Nem, Rogério 157 era o chefão da favela, mas houve um desentendimento com o superior.
Rogério 157 fazia parte do bando de dez traficantes que invadiu o antigo Hotel Intercontinental, em agosto de 2010. Na mesma ação, eles ainda entraram em confronto com policiais militares. Presos, os bandidos foram enviados ao Presídio Federal de Porto Velho (RO). Em dezembro de 2011, o desembargador Siro Darlan soltou sete deles. Em janeiro de 2012, outros dois foram libertados. Darlan alegou que os réus estavam sofrendo constrangimento ilegal por estarem presos temporariamente por prazo seis vezes superior aos 81 dias previstos em lei. O Disque-Denúncia oferece R$ 2 mil pela captura de Rogério.
Danúbia foi presa pela Polícia Federal nesta segunda-feira em Campo Grande, Mato Grosso do Sul, onde passou a morar para ficar perto do traficante. Durante visita ao marido, ela recebia orientações e repassava ordens de Nem ao seu bando. Ela vai responder por tráfico de drogas e associação para o tráfico. A Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE), responsável pela operação, já está tomando as providências para solicitar a transferência de Danúbia para o Rio.
Além de Danúbia, cinco policiais militares foram presos acusados de fazerem jogo duplo: trabalhavam na Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) da Rocinha, mas receberiam ordens, em troca de propina, dos traficantes. Além de passar informações sobre operações policiais, eles fariam vista grossa à venda de drogas, não reprimindo o tráfico de armas e munições da quadrilha de Nem. A Rocinha e o Morro do Vidigal estão pacificados desde novembro de 2011.
Fonte: Globo