Após receber o pedido de auxílio de Jurandy Silva de Santana, na manhã desta segunda-feira (18), a Defensoria Pública da Bahia informou que emitiu à Secretaria de Segurança Pública do Estado (SSP-BA) a recomendação de que as partes dos corpos encontradas no bairro de Campinas de Pirajá, em Salvador, sejam comparadas com material genético dos familiares do jovem sumido após abordagem de PMs.
Na sexta-feira (15), a SSP-BA informou que, por meio de análise de digitais, está confirmado que ao menos uma das mãos achadas é de Geovane Mascarenhas de Santana, de 22 anos. O órgão apura agora se o corpo encontrado na região também pertence ao filho de Jurandy. O pai do jovem acredita que o corpo não pertença à Geovanne, já que ao analisar as imagens do órgão de segurança, ele não teria visto uma tatuagem que o filho tinha abaixo do peito.
"Estamos preocupados porque há outros corpos também não identificados em situação semelhante. Então queremos que seja coletado o DNA dos familiares para que não haja qualquer dúvida sobre a identificação", disse a defensora Bethânia Ferreira por meio de nota.
Ainda segundo Bethânia, a Defensoria vai participar do processo de apuração que vem sendo feito pela Corregedoria da Polícia Militar sobre o envolvimento dos policiais militares no desaparecimento do jovem, assim como acompanhar o inquérito policial a fim de verificar a regularidade do processo.
O G1 tentou contato com a Secretaria de Segurança Pública no início da noite desta segunda-feira (18), mas não teve êxito.
Proteção
Catorze o sumiço do filho, que desapareceu após ter sido alvo de uma abordagem da polícia no dia 2 de agosto, Jurandy Silva de Santana, 40 anos, afirmou ao G1 na manhã de sábado (16) que pretende entrar com pedido de proteção cautelar da pessoa que disponibilizou as imagens da câmera de segurança que flagrou a operação policial.
"Ele me ligou ontem, quando estava no Grupo Tortura Nunca Mais [no bairro dos Barris]. Ele está com medo. Ele se mudou e tirou a mãe de lá. Disse que estava observando carros passarem 'devagarinho' com pessoas olhando. Na segunda [18], nós vamos até o Ministério Público. Vamos conversar e pedir a proteção para ele", afirmou Jurandy.
Sobre a confirmação da Secretaria de Segurança Pública (SSP-BA), em coletiva ocorrida na tarde de sexta-feira (15), de que uma das mãos encontradas no bairro de Campinas de Pirajá, em Salvador, é de Geovane Mascarenhas de Santana, de 22 anos, Jurandy Silva também afirmou ao G1 na manhã de sábado que ainda não foi procurado pelo órgão de segurança do estado para obter essas informações de modo oficial.
"Tudo o que sei até agora é por meio da imprensa. A minha vontade a ter acesso a essas partes do corpo para que eu possa enterrar o meu filho em Serra Preta (interior da Bahia). Somos todos de lá e a vontade do meu avô era de que toda todos os membros da família fossem enterrados lá quando morressem", revelou.
Defesa
Após mais de 11 horas de depoimentos, que foram encerrados no final da noite de sexta-feira (15), o advogado dos três policiais investigados pelo sumiço de Geovane Mascarenhas de Santana, de 22 anos, afimou ao G1 na manhã de sábado (16), que já acumulou material suficiente para pedir a revogação da prisão temporária dos militares.
Conforme Vivaldo Amaral, que atua na defesa dos agentes, os depoimentos dos policiais aliados às provas apresentadas pela Secretaria de Segurança Pública da Bahia (SSP-BA), na tarde de sexta-feira, não sustentam a manutenção da prisão dos clientes. "A gente entende que as acusações são infundadas. Estou estudando o processo e ainda hoje vamos entrar com o pedido de revogação da prisão temporária", declarou.
Caso
Geovane Mascarenhas de Santana desapareceu após uma abordagem policial no dia 2 de agosto, na Calçada. Toda a ação foi registrada por câmeras de segurança de um prédio do local da ação. A família fez buscas por mais de 10 unidades de polícia e denunciou o caso à imprensa.
Fonte: G1.com