Após passar duas vezes pela experiência de fechar as portas de uma empresa do ramo de confecção, a administradora e costureira Débora Maria Lacerda Sátiro, de 57 anos, de Carmópolis de Minas (MG), teve a ideia de investir num nicho diferente: a fabricação de roupas pós-cirúrgicas para cachorros. A produção das peças teve início em 2012 e neste ano a empresa começa a dar lucro. Além disso, estão em andamento negociações para exportações para a América Latina.
Débora sempre trabalhou como costureira e a criação da empresa, chamada Pet Show, foi sua terceira tentativa como empreendedora. As duas outras empresas que fecharam eram no ramo de moda e uniformes. “Queria fazer algo diferente, fugindo daquilo que via dentro das confecções ou no mercado."
A Pet Show, contudo, nasceu um pouco antes das peças pós-cirúrgicas, em 2010, como uma fabricante de roupas comuns para pets. Somente dois anos depois a empreendedora teve a ideia de investir no nicho.
Ela esteve em São Paulo para uma feira do ramo e, coincidentemente, acompanhou uma pessoa próxima que levava os cães para passar por cirurgias em um hospital veterinário. "Eles usavam uma roupinha pós-cirúrgica nos cães, mas eu achei que era uma peça muito estranha, a cachorra ficou estressada, na hora de tirar grudou nos pelos", disse a empresária, que voltou para sua cidade com a ideia de desenvolver opções mais confortáveis. "Cheguei e comecei a pesquisar outros modelos, com diferencial".
Débora disse que sempre gostou de cachorros e usou sua poodle, hoje com quatro anos, para fazer os primeiros moldes. Procurou faculdades e hospitais veterinários para apresentar as primeiras peças.
Atualmente, comercializa aproximadamente 600 unidades por mês. Ainda faz roupas comuns para pets, como peças para a Copa, vestidos de festa e coleção inverno, mas 60% da produção é de pós-cirúrgicas.
As roupas pós-cirúrgicas variam de R$ 19,20 a R$ 32, de acordo com o tamanho. As demais de R$ 11,40 a R$ 47,14.
Investimento no estudo
Antes de abrir a Pet Show, Débora fez vários cursos e capacitações para empreendedores no Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), terminou também o ensino médio e fez faculdade de administração. Por muito tempo, ela trabalhou como costureira, mas, como as duas outras empresas não tinham ido para frente, a empresária disse que sentiu necessidade de investir nos estudos antes de abrir um novo negócio.
Nesse período de aprendizagem, deixou de lado a ideia de ter negócio próprio e trabalhou por quatro anos na Associação Comercial da cidade. Ela contou que o período foi importante para amadurecer a ideia do novo investimento. "Terminei meus estudos e assim que achei que estava na hora, criei a minha empresa. Eu já tinha máquinas e assessórios guardados. Deixei o meu emprego e comecei a fazer pesquisas sobre o segmento pet". Ela vendeu um lote que possuía para se manter financeiramente enquanto se dedicava às pesquisas.
Atualmente tem duas funcionárias: uma costureira (o restante do trabalho em costura é terceirizado) e uma gerente comercial. Desenvolveu um plano de ações para o primeiro semestre de 2014, com investimento inicial de cerca de R$ 40 mil. Para enfrentar a concorrência, ela pretende agregar cada vez mais valor às peças, como usar embalagem a vácuo e fazer roupas assépticas. A expectativa de faturamento é de R$ 30 mil mensais.
"É acreditar. Estou no meio da viagem (...). Agora estou em negociação com a primeira exportação, para o Chile, para um médico veterinário que vai fazer representação lá. Acreditei no meu segmento e continuo acreditando", afirmou.