A Companhia de Entreposto e Armazéns Gerais de São Paulo (Ceagesp) suspendeu por tempo indeterminado a cobrança de estacionamento e anunciou que não abrirá para o público neste fim de semana. Nesta sexta-feira (14), terminou em tumulto uma manifestação contra a cobrança de estacionamento no entreposto.

Um homem foi baleado e quatro seguranças ficaram feridos. Veículos foram incendiados e quatro prédios administrativos acabaram vandalizados. "Foi ação de bandidos. A soldo de alguém? Pode ser", disse o presidente da Ceagesp, Mário Maurici de Lima Morais. "Foi ação de 50 a 100 pessoas. Não da maioria (dos caminhoneiros)."

O presidente disse que o entreposto vai abrir somente para carga e descarga de mercadorias. O varejão, que é uma feira tradicional, não irá funcionar. "O mercado precisa ser recuperado. Nesses dias, o afluxo de gente comprador de varejo da sociedade é muito grande, então nós vamos interromper no sábado e no domingo."

A Ceagesp também informou que a cobrança de estacionamento foi suspensa por tempo indeterminado a partir de segunda-feira. O G1 procurou a C3V (Companhia de Concessões em Circulação Veicular), responsável pelo estacionamento, e aguarda um posicionamento oficial sobre a suspensão da cobrança.

 "Vamos ter que descobrir, necessariamente, outras formas de financiamento nos próximos dois, três meses, porque não haverá cobrança (de estacionamento)", disse Morais. "Se nós encontrarmos outra forma de financiamento, poderemos reavaliar a cobrança. O que não está adiado é fazer o controle da entrada e saída do Ceagesp", disse o presidente.

Morais disse que muitos usam a área do entreposto como estacionamento e ficam dias parados no local, além de aumentar a segurança contra crimes com instalação de câmeras. "Se encontrarmos outra forma de financiamento, poderemos (rever) a cobrança", disse.

A Ceagesp planeja cadastrar os caminhões que acessam a área da companhia. "A partir de 20 de março, vamos proibir a entrada de veículos que não têm relação com o entreposto. Vamos fazer o cadastro deles", explicou. Para o público, que tem outro estacionamento, não haverá mudanças.

 Homem baleado
O homem baleado na confusão foi identificado como Wellington Washington dos Santos, de 23 anos. Ele foi socorrido para o Hospital Universitário, da Universidade de São Paulo (USP), também na Zona Oeste. A assessoria do hospital confirmou que ele foi submetido a uma cirurgia e estava em estado estável às 17h50.

A assessoria da Ceagesp disse, mais cedo, que os seguranças chegaram a atirar para dispersar as pessoas que tentavam invadir um dos prédios administrativos. Não está confirmado, porém, como o homem foi baleado.

Quatro prédios administrativos foram atacados, segundo a PM. O prédio do Departamento de Entrepostos (Depec), na Rua 8, foi incendiado. Móveis e equipamentos acabaram queimados. Por causa do calor do fogo, vidros se estilhaçaram. Manifestantes também incendiaram veículos e caçambas com madeiras.

Segundo a Ceagesp, o entreposto tinha 70 seguranças no momento em que a manifestação se intensificou, por volta das 10h. Vinte agentes particulares estavam no prédio do Depec e tentaram impedir a invasão. Neste momento, os seguranças chegaram a atirar para tentar evitar a destruição.

Cobrança de estacionamento
O tumulto na Vila Leopoldina, Zona Oeste de São Paulo, ocorre um dia após o início da cobrança de estacionamento. A Ceagesp, companhia ligada ao governo federal, fez uma licitação e a empresa C3V foi contratada por oito anos para "explorar o estacionamento, prover serviços de segurança e organização do fluxo".

Ao todo, estão previstos investimento de R$ 25 milhões no período. Em contrapartida, o Entreposto vai ficar com 4% do que for arrecadado com o estacionamento.

Nesta manhã, filas de caminhões se formaram no entorno do maior entreposto de alimentos da América Latina. Passageiros de ônibus que passavam nas imediações da Marginal Pinheiros precisaram descer dos ônibus por causa do congestionamento.

A C3V, empresa responsável pela cobrança, disse em nota que "lamenta os incidentes ocorridos esta manhã e início de tarde".

O Sindicato dos Permissionários em Centrais de Abastecimento de Alimentos do Estado de São Paulo (Sincaesp) voltou a criticar a tarifa de estacionamento e os problemas de trânsito causados pelas cabines, mas negou qualquer envolvimento com o tumulto.

“Os transtornos no trânsito da região do entreposto apenas confirmam o que o Sincaesp vem alertando: o projeto de alteração viária, no qual está inclusa a cobrança do pedágio, não é viável e não comporta a demanda de movimentação dentro e fora da Ceagesp”, afirmou o sindicado em nota.

Tarifa variável
O valor da tarifa muda com o tempo de permanência do veículo. Os caminhoneiros pagam de acordo com a quantidade de eixos. Veículos com dois eixos deverão desembolsar R$ 4 por 4 horas. O valor pode chegar a até R$ 50, caso o caminhão fique por mais de 10 horas no estacionamento. Já os caminhões com três a seis eixos pagam entre R$ 5 e R$ 60 (veja abaixo os valores).

A cobrança faz parte de um pacote de medidas anunciado em setembro de 2013 para melhorar a circulação dentro da Ceagesp, por onde passam 60 mil pessoas todos os dias. A empresa vencedora da licitação instalou 320 câmeras de monitoramento e novas placas de sinalização.

Tabela de preços
Confira abaixo a relação de tarifas cobradas pela concessionária:

MOTOCICLETAS
Diária R$ 2

CARROS
Até 1 hora R$ 4
De 1 a 2 horas  R$  9
De 1 a 3 horas  R$ 11
De 3 a 4 horas  R$ 13
De 4 a 8 horas  R$ 16
De 8 a 10 horas  R$ 20
Acima de 10 horas R$ 50

CAMINHÕES DE 2 EIXOS
Até 4 horas  R$  4
De 4 a 6 horas  R$  6
De 6 a 8 horas  R$  8
De 8 a 10 horas  R$ 10
Acima de 10 horas  R$ 50

CAMINHÕES DE 3 a 6 EIXOS
Até 4 horas  R$  5
De 4 a 6 horas  R$  7
De 6 a 8 horas  R$  9
De 8 a 10 horas  R$ 11
Acima de 10 horas R$ 60

VAREJÃO SÁBADO/DOMINGO
Diária R$ 4

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