O site Catarse decidiu manter no ar o projeto Super Cooler, dispositivo que gela cerveja em dois minutos criado pelos brasileiros Gustavo Moraes e Rafael Schiavoni. A dupla foi acusada de plágio por Trevor Abbott e Ty Parker, desenvolvedores de um aparelho similar, o Spin Chill, lançado em 2013 no Kickstarter.
O que o Catarse diz?
Em entrevista ao TechTudo, Felipe Caruso, coordenador de comunicação do Catarse, informou que o site procurou dialogar com as duas partes para tentar entender o que estava ocorrendo. "Nós recebemos a solicitação do Spin Chill e fomos analisar o caso. Aconselhados pela nossa advogada, decidimos que não há motivo para retirar o Super Cooler do ar”, informou.
O representante do site também esclareceu que os acusadores norte-americanos precisam mostrar provas mais concretas e que eles obedecem, sim, a determinações judiciais. “Mas não há nada que comprove que os rapazes do Super Cooler estão infringindo leis brasileiras, especialmente aquelas ligadas aos registros de patente ou design no sistema de propriedade intelectual”, completa Felipe.
Norte-americanos não vão processar (ainda)
Trevor Abbott, um dos criadores do Spin Chill, já está ciente da decisão do site nacional de financiamento coletivo e afirmou ao TechTudo que não pretende processar Moraes e Schiavoni. “Nós entendemos que as pessoas vão tentar copiar o Spin Chill, o maior problema é que os dois cavalheiros disseram que inventaram e criaram o produto, o que é falso", afirmou o norte-americano. Ainda segundo ele, o produto tem grande presença no Brasil e há pessoas por aqui os apoiando.
Abbott, inclusive, reiterou algo que já havia dito anteriormente, fazendo uma acusação grave à dupla: "Temos registros de que eles pediram um produto nosso no ano passado e o design de ambos é idêntico”. O inventor também questiona o site de financiamento coletivo Catarse, por não concordar com o posicionamento tomado.
De acordo com o norte-americano, chama a atenção o fato de a página e os vídeos das campanhas de financiamento dos dois produtos serem tão parecidos. "Nós não achamos certo o Catarse endossar um produto plagiado e permitir que as pessoas digam que inventaram uma coisa que está provado que elas não criaram”, frisou o criador.
E se os brasileiros continuarem dizendo que inventaram um produto completamente novo? Abbott responde: “Temos ainda a possibilidade de processá-los três vezes pelos danos que causaram ao Spin Chill, de acordo com a lei de patentes. Mas não estamos planejando fazer isso agora”.
Brasileiros dizem que as acusações são superficiais
“Aprendemos a lidar com esta situação por acreditarmos no nosso projeto, e por termos convicção de que não estávamos praticando nenhuma irregularidade”, disse Gustavo Moraes ao TechTudo. Os brasileiros mantiveram o argumento de que existem 11 produtos similares no mercado, além do americano Spin Chill.
“Achamos naturais as acusações de plágio por parte da dupla de norte-americanos, porque entendemos que eles usaram esta estratégia para prejudicar nossa imagem e ajudar a divulgar sua marca. Não sabemos se eles realmente consideram-se detentores da invenção ou não têm conhecimento de um contexto mais amplo”, completa.
Moraes contou que a muitas das pessoas que comentavam na Internet não buscavam entender a situação como um todo e acreditaram que, pelo simples fato de estarem sendo acusados, automaticamente, seriam culpados. "Houve quem nos ameaçasse de agressão física, caso nos encontrasse pela rua - o que hoje achamos engraçado”, lembrou.
O desenvolvedor do produto elogiou muito a atuação do site de crowdfunding que, segundo ele, desde o princípio se mostrou extremamente profissional, ao fazer uma mediação entre os dois lados sem tomar nenhuma atitude precipitada ou tendenciosa. De acordo com o jovem, quem fez o primeiro foram os norte-americanos, alegando que já possuíam patente requerida de um produto semelhante.
"Após colocarmos nossa posição, mostrando que esta situação resumia-se apenas à concorrência de mercado, o Catarse solicitou que enviássemos o máximo de documentos possíveis que sustentassem as posições de cada um", disse. Ainda segundo ele, prontamente foi enviada uma lista de produtos e patentes semelhantes e também a documentação do trabalho que tiveram até chegar no Super Cooler.
Passado algum tempo, a dupla teve retorno do site, informando que a equipe jurídica havia analisado toda informação reunida e concluído que não existia qualquer evidência de que estariam infringindo alguma lei referente ao sistema de propriedade intelectual e de design. Portanto, o projeto permaneceu no ar.
O brasileiro informou ainda que os criadores do Spin Chill mudaram de postura durante o diálogo mediado pelo Catarse. “Nos informaram, depois, que estávamos sendo acusados não mais de copiar a ideia em si, mas de plágio de design. Percebemos, ali, que a falta de embasamento para manter a acusação inicial levou os criadores do Spin Chill a mudar sua estratégia."
Moraes afirmou que o design do Super Cooler foi criado por uma dupla de profissionais da área que nunca tinha ouvido falar dos produtos concorrentes e que foram usados, como referências, equipamentos como furadeira, cabo de machado, barbeador, entre outros. O produto tem menos de 5 dias para encerrar sua campanha e ainda precisa de R$ 10 mil para cobrir seus custos, totalizando um investimento de R$ 25 mil.
Fonte: Globo