Rio São Francisco, que nasce na Serra da Canastra em Minas Gerais, no seu trajeto tem como moldura o seu Vale, entre Petrolina - PE e Juazeiro - BA. Na parte pernambucana ele é o cartão-postal e se tornou o cenário de esportes aquáticos como kitesurf, Stand up paddle, caiaque, wakeboard, windsurf e triatlon. O número de praticantes na região aumenta por oferecer ventos e condições ideais para as práticas esportivas.
Quem passa pela orla de Petrolina, certamente, já viu algum kite colorindo os céus e fazendo os praticantes alçarem voos na água ou a galera que faz caiaque ou stand up paddle sair remando pelo Velho Chico, mas a grande maioria que encara os esportes radicais reclama do acesso ao rio e das condições das margens.
- A prática aqui é muito agradável, eu prefiro remar na água doce do que na praia e aqui ainda temos a vantagem de termos um pôr do sol incrível, mas praticar esporte aqui no São Francisco tem sido um problema. O assoreamento do rio, o lançamento de esgoto que faz com que as baronesas – plantas que crescem em virtude da má qualidade da água - fiquem na beira do rio, dificultando o nosso acesso – comenta George Duarte, praticante de caiaque há 20 anos.
Esses são apenas alguns dos problemas que os esportistas e praticantes encontram, mas, segundo eles, o pior de todos é a falta de fiscalização na “prainha”. Nesse local carros-pipa acessam o rio de forma desordenada para abastecer os caminhões de água que será distribuída para alguns locais da região. Além de deixar manchas de óleo a cada entrada que fazem no rio, existe o desrespeito com os banhistas e praticantes de esportes que estão no local.
- Estou iniciando aulas de kitesurf durante a semana porque o movimento de banhistas é menor, mas a dificuldade que encontro são os carros-pipa que tomam a orla, impedindo o acesso dos banhistas e esportistas no rio. Esse entra e sai de carros-pipa pode até causar um acidente, já que o carro fica, praticamente, dentro do rio e o nosso material fica na mesma área. Além da poluição, a estrutura do local está deteriorada – pontua Matheus Gomes, professor e praticante de kitesurf em Petrolina.
Elton Campelo, que é de Salvador, está sempre em Petrolina a trabalho e quando pode vai para o rio São Francisco para fazer kite, sup ou wakeboard. Ele comenta sobre o potencial do rio para as práticas esportivas e também pontua alguns problemas, mas também fala sobre as possíveis soluções.
- Aqui temos um tempo de ventos muito bom, que vai do final de maio até setembro, ideal para o kitesurf. Dos esportes que pratico o wakeboard é o que faço há mais tempo. Aqui oferece as melhores condições geográficas e a facilidade de praticá-lo em qualquer lugar do rio. Pra quem gosta de vir para a “prainha” e entrar no rio, tem que dividir o espaço com lixo que os próprios banhistas deixam, carros e caminhões-pipa que estão sempre na área. Temos que tomar muito cuidado aqui para não nos machucarmos, cortarmos o pé quando entramos ou saímos, a gente tem que entrar e ir direto para o meio do rio para não se expor a água da margem que está suja.
Fiscalização de banhistas, pipeiros, concessionária de água e esgoto, construções irregulares se fazem mais do que necessárias para mudar a atual condição do lado pernambucano do Velho Chico para que assim todo o seu real potencial seja, de fato, aproveitado por todos.
- Essa área da orla, é grande, é a principal da cidade, podia ser melhor conservado para torná-la mais atrativa ainda. Temos que tentar manter o nosso rio mais limpo, o próprio esporte ajuda nesse propósito. Nós como praticantes procuramos fazer o que é possível para conservá-lo. O Velho Chico é a grande riqueza que temos aqui – finaliza Matheus Gomes.
Fonte: Globo Esporte