Faça sua Pesquisa Personalizada, coloque o que procura no Site dê enter ou clique em Pesquisar.
Esporte


Leitura de Onda: Os brutos também ganham
Leitura-de-Onda
O surfe de Michel Bourez não tem filtros. É polinésio, ancestral. O taitiano não alisa, não faz pose, mas nos conecta com o que há de mais importante no esporte: dar a vida pela onda, que se danem as consequências.

 

Michel poderia ter pagado caro por expressar a sua vontade de vencer de uma maneira tão pueril e bruta. No derradeiro dia de competição do Drug Aware Margaret River Pro, ele caiu da prancha insistentemente, sempre na última manobra. Mas as manobras anteriores, plenas, compensavam seus deslizes.

 

Os juízes entenderam o recado e lhe tascaram notas como o nove e tal de que ele precisava para virar a bateria em cima de um inspirado Kelly Slater, na semifinal. Palmas para o julgamento. Difícil dar a nota, nessas circunstâncias, contra o melhor surfista de todos os tempos.

 

O taitiano gente boa se encaixou bem nas paredes irregulares de Margaret e nos tubos quadrados de The Box. Usou sua resistente firewire para empenar sem dó os bowls que volta e meia surgiam, furtivos, para os surfistas. Quando o evento foi para os tubos, fez tudo certo – o e, a linha na base da onda, o cuidado para não embicar nos traiçoeiros degraus e a velocidade.

 

Na final, contra o australiano Josh Kerr, em Margaret, voltou à tática de espancar as ondas sem medir consequências. Jogou muita água para o alto, caiu nas finalizações e venceu com sobras.

 

Kelly Slater surfou muito bem e poderia, mais uma vez, ter vencido o evento, mesmo sem ter pisado, pelo menos com lycra de competição, nas ondas quadradas do pico alternativo, onde ele ainda sobra na turma.

 

Mas vê-lo no topo da forma nas ondas mais irregulares de Margaret me faz, mais uma vez, acreditar que teremos um longo e disputado ano pela frente.    

 

O americano nos ofereceu um momento mágico, com uma sequência de tubo e floater sem nenhum intervalo. Ainda dentro do tubo, ele se posicionou para a manobra seguinte.

 

Perdeu para si mesmo, depois de um grosseiro erro tático.

 

Josh Kerr é um excelente surfista, aerialista de mãos cheias, embora, para mim, seu surfe flutue muito na superfície d'água. Está longe de ser um crava-bordas, como Bourez e outros, e talvez, na onda de Margaret, isso tenha feito a diferença.

 

A Austrália, aliás, caminha para o seu terceiro evento em sequência – num ano que deveria ser especial para os aussies – sem um vencedor da casa.        

 

Mas, antes da final, um inspirado Kerr despachou o ainda líder Gabriel Medina, nas quartas, sem fazer esforço.

 

O brasileiro vinha surfando muito bem, tendo vencido todas as suas baterias até então, mas parou diante de (mais) um dia de ondas afeitas a surfistas regulares e da falta de conexão com o mar e com seu equipamento.

 

As pranchas, aliás, fizeram a diferença na segunda parada do tour. Miguel Pupo perdeu no round 5, disputado em The Box, surfando parte da bateria com o equipamento errado. Nat Young perdeu para o campeão nas quartas e saiu da água sem quiver para Bells. Quebrou as suas duas últimas pranchas na bateria.

 

O trabalho dos caddies foi intenso, com muita troca de equipamento e incertezas entre os competidores sobre o tamanho ideal para atacar Margaret.

 

Adriano de Souza fez um nono que poderia ter sido no mínimo um quinto. No round quatro, contra Nat Young e Joel Parkinson, ficou muito perto de virar a bateria. Surfou de maneira irretocável uma rara esquerda que se alongou, mas os juízes vinham dando sinais de que não valorizariam ondas para aquele lado.

 

Foi para o round 5 com um gosto amargo e, nas ondas quadradas de The Box, fez um surfe pouco inspirado, tímido. Dono de um repertório completo e atitude competitiva, Adriano precisa soltar seu surfe em ondas mais agudas.

 

Se tivesse avançado às quartas, seria um forte candidato ao título nas direitas de Margaret. Seus belos arcos combinam muito com os bowls daquele pico. Sorte que também combinam com Bells, onde defenderá o título este ano.

 

Outro desenhista de arcos que se destacou em Margaret foi Bede Durbidge, que perdeu por décimos para o conterrâneo Kerr, mas antes disso rebaixou a autoestima de Taj Burrow ao derrotá-lo duas vezes na mesma bateria.

 

Bede ganha também o título de buda do surfe, por conseguir ter estômago para voltar para a água depois da absurda decisão da direção de prova, de mandar a bateria eliminatória do round 3 para ser disputada novamente por causa de um incidente fortuito.

 

Entre os brasileiros, outro destaque foi Filipinho Toledo, que vem surfando com autoridade em qualquer condição de onda. Perdeu no round 5 em The Box, mas assustou os australianos com es no negativo e tubos profundos.

 

Teve uma oportunidade de virar em cima de Joel Parkinson no minuto final, mas foi parado por um pequeno e traiçoeiro degrau.

 

O resultado do evento foi ótimo para o Brasil, especialmente para Medina, que manteve a liderança do ranking apesar do quinto lugar. Mesmo tendo surfado mal nas quartas, fez mais um bom evento. Está maduro, na ponta dos cascos.

 

Bells, assim como Margaret, é outra onda afeita a surfistas regulares bons de arco. Vale Medina estudar o surfe do velho e bom Marco Jay Luciano, também conhecido como Occy, último goofy a vencer naquelas águas, no distante 1998.

 

As direitas de Bells podem ser um grande obstáculo para o líder. Ou apenas mais uma bela história do maior quebra-paradigmas do surfe mundial. A conferir.
 
 
 
 
 
Fonte: Waves

 

 

 

 

 


Mais esportes
19-08-2014 - Ex-rival e algoz pelo Fla, Everton diz gostar de encarar o Coxa em Curitiba
19-08-2014 - Persistência e pressão o tempo todo: as marcas do líder para Éverton Ribeiro
19-08-2014 - Jogadores do Vitória reconhecem má apresentação da equipe no Barradão
18-08-2014 - Massa quer deixar maré de azar para trás e focar em recuperação na F-1
18-08-2014 - Chefe diz que RBR só deve vencer de novo em Cingapura: Chance de ouro
18-08-2014 - Julio Campos vence duelo com Cacá Bueno e é pole da Stock em Cascavel
18-08-2014 - Alonso aponta Trulli e Fisichella como seus companheiros mais fortes na F-1
18-08-2014 - Sete títulos em dez anos, trajetória de Schumacher foi a mais vitoriosa na F-1
18-08-2014 - Praia, montanha, aula de jiu-jítsu... Veja como foram as férias dos pilotos da F-1
18-08-2014 - Thiago Tavares é premiado pelo UFC por finalização sobre Robbie Peralta