A conquista de dois ouros no Mundial de Barcelona foi uma recompensa para Cesar Cielo. Depois de dez meses dedicado à recuperação de uma cirurgia nos dois joelhos, o recordista mundial colheu os frutos de sua dedicação durante a fisioterapia e os treinos com o técnico Scott Goodrich. Mas, longe de se vangloriar do feito, o medalhista olímpico espera que seus títulos não escondam as deficiências da formação de novos talentos nas piscinas brasileiras.
Em entrevista concedida ao jornal “Folha de S.Paulo”, Cielo voltou a bater na tecla de que a estrutura do esporte verde-amarelo precisa ser reformulada e seguir modelos comprovadamente vencedores, como os de Estados Unidos e Austrália.
- Não precisa mais de investimento em cédula, não quero mais dinheiro, tem que investir em quem está aparecendo, dar chance de competir. Sou a favor da cópia. Se dá certo, por que não copiar? A USA Swimming (federação americana) e a Austrália também têm modelos que têm de ser seguidos. A gente não pode mais viver dessas máscaras das medalhas. Temos lá seis ouros em Mundiais, mas as arquibancadas do Maria Lenk estão vazias.
Cielo afirmou que houve evolução individual de vários atletas da seleção, mas que a estrutura não acompanhou as necessidades técnicas destes. O campeão olímpico destacou ainda que a natação e outras modalidades sobrevivem devido ao esforço dos clubes, mas lamentou a ausência de um calendário de competições mais amplo e consistente.
- Qual é o cartel de competições que a gente tem? Tem Maria Lenk, José Finkel e Open. Na agenda de Grand Prix da USA Swimming tem uma competição por mês. É como no tênis. O cara não tem dinheiro para viajar para jogar em Dubai, mas pode jogar o ATP 250 aqui na América do Sul. Tem que ter em todos os lugares, tem que fazer competição no Nordeste porque o pessoal não tem dinheiro para viajar.
Fonte: Globo Esporte